O recanto onde o verde não se extingue
19 Agosto | 2015 | Goodyear
Em plena paisagem protegida da Serra do Açor, na estrada que nos leva até ao Piódão, uma placa discreta esconde um segredo. A madeira tem a inscrição “Fraga da Pena” e a seta aponta para um caminho de xisto rodeado de vegetação. No ar ouvimos o som dos pássaros que cantam e, muito ao longe, a água que corre.
A fama desta cascata precede-a mas não é por isso que deixamos de nos surpreender quando nos deparamos com a água que cai de uma fraga de 20 metros de altura. A cristalina piscina natural que assim se forma é de um encanto digno de cartão postal e é verdadeiramente única em toda a região de Arganil.
Vale encantado
Daqui podemos ver a Barroca das Degrainhas, o curso de água que dá origem a esta lagoa e, depois de um desnível bastante mais suave também em cascata, a uma segunda de menores dimensões. Apesar do aspecto convidativo, só o pino do verão é que aconselha a mergulhos aqui, pois a poucos metros da nascente e num desnível onde nunca bate o sol, a água é realmente fria. Por experiência, não tente noutros meses do ano.
Aproveito depois da experiência os bancos ali colocados para apreciar o verde. Só por si, são um bom motivo para despendermos o nosso tempo em total comunhão com a natureza. Aqui, perante o meu olhar embebido, a vegetação vai cobrindo as pedras, enquanto as águas continuam o seu percurso milenar.
Aqui o xisto torna-se verde…
Depois de retemperar as minhas forças, subo as escadas, passo pelo velho moinho e visito as outras lagoas que aqui se formam, sempre rodeadas pelo xisto e pelo musgo. Um local óptimo para um piquenique. No meio da Mata da Margaraça, uma floresta antiga e intocada, cheia de espécies raras, onde facilmente encontramos refúgio das temperaturas desta época do ano, o lanche desvenda-se uma experiência dificilmente melhorável. .
Se quiser conhecer este recanto, o melhor ponto de partida será Arganil, onde a oferta hoteleira é variada, mas não muito longe da vila descobri várias quintas e pousadas onde poder aproveitar as delícias do turismo rural. A chanfana, o bucho e a truta são motivos adicionais para o turista, mas prepare-se para andar e gastar as calorias do almoço. A Serra do Açor é feita de uma mistura de vales e miradouros que recompensam o esforço da caminhada sempre com paisagens de tirar a respiração. Decerto irá deixar, como deixei eu, a imaginação a voar sobre uma daquelas nuvens brancas do verão.